Como nos mostra a passagem, o intercessor deve permanecer no seu posto, não de qualquer jeito, distraído, mas em estado de alerta, de prontidão, observando atentamente todas as coisas – “que preste atenção, muita atenção!” – para anunciar com precisão o que vê, pois é através das informações da sentinela que as medidas necessárias serão tomadas. Não pode simplesmente dizer eu acho que é isto ou aquilo, não tenho certeza do que é, nem tampouco somente dizer que vejo alguma coisa, mas especificá-la. “A sentinela que tinha subido ao terraço da porta sobre a muralha, levantou os olhos e viu um homem que vinha correndo sozinho. Gritando anunciou-o ao Rei que disse: se ele vem só, traz alguma boa nova”. A sentinela viu então outro homem que corria; e gritou do alto da porta: ‘vejo outro homem que vem correndo sozinho’. Pela maneira de correr do primeiro, só pode ser Aquimmaas, filho de Sadoc” (Cf. 2Sm 18, 24-27).
Poderíamos dizer que é vital a função da sentinela. Qualquer distração poderá ser fatal. Num piscar de olhos, poderemos ser pegos de surpresa, sem tempo para qualquer reação.
A sentinela torna-se então, os olhos do rei, do povo, da nação, que descansam tranqüilos, pois sabem que alguém vigia por eles.
Para melhor compreendermos isto, cito aqui um fato real que presenciei (com tristeza pela situação), mas que nos mostra claramente o papel da sentinela.
Há pouco tempo estive em uma favela, onde nada, absolutamente nada, passa despercebido. Existem alguns pontos específicos, onde jovens são designados para vigiar a favela. Aquelas “sentinelas” fidelíssimas a sua missão, permanecem no seu posto noite e dia, não saem nem mesmo para ir ao banheiro ou comer. Enfrentam sol, chuva, frio, mas permanecem firmes em seus posto, não deixam o lugar por nada. De tempo em tempo, um grita para o outro, comunicando a situação do local. Sabem quem entra e quem sai da favela: carros, pessoas; sabem quando seus “inimigos” estão se aproximando. Então, a partir da informação dada, sabem qual atitude tomar. Jovens que não negligenciam sua missão, mesmo colocando em risco sua vida. E em troca de que? – De uma pedra de crack!!! Jovens que escravizados pela droga, ainda que inconscientemente, trabalham para o “reino de Satanás”, possibilitando a escravidão de outros.
E nós, sentinelas de Cristo? Como se encontra o nosso posto? Como intercessor, sabemos o que está acontecendo a nossa volta? Aquilo que nos foi confiado está seguro, pois estamos atentos ou será que nos distraímos, cochilamos e o inimigo chegou sem percebermos? Quantas vidas já se perderam por causa da nossa infidelidade e por não ter gritado quando vimos o inimigo se aproximar? SOMOS SENTINELAS DE FATO?
Como é triste ver aqueles jovens gastando, ou melhor, destruindo suas vidas por algo tão passageiro (crack), e nós tendo diante dos olhos a eternidade (céu), ainda somos tão infiéis ao nosso ministério, ao nosso chamado. Quantos obstáculos colocamos para não cumprirmos nossa missão. Quantos murmúrios. Não permanecemos em nosso posto porque chove muito, está frio ou calor demais. Sempre colocamos nosso ministério em segundo plano. Tudo é mais urgente e mais importante do que nossa missão. Enquanto vamos justificando nossas negligências, nossas distrações, DEIXANDO PARA DEPOIS, satanás vai AGINDO AGORA e aumentado seu reino, escravizando e desfigurando aqueles que foram criados à Imagem de DEUS.
Retomemos com urgência nosso posto neste exército de Cristo, tendo sempre os olhos voltados para o Eterno Vigia, para aprendermos com Ele a sermos verdadeiras sentinelas:“Ele não permitirá que teus pés resvalem; não dormirá aquele que te guarda. Não, não há de dormir, nem adormecer o guarda de Israel. O Senhor te guardará de todo mal; ele velará sobre tua alma” (Sl 120, 3,4,7).
Irmã Suzana do Coração Agonizante de Jesus, pjc
Fratérnitas Sagrado Coração – Penha
Fratérnitas Sagrado Coração – Penha
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